entre árvore e podador
A turma D de Cabuçu que se reuniu pela 3ª vez na noite dessa quinta-feira na Escola Municipal Abílio Ribeiro, deve surpreender o público que superlotará a quadra da Vila Olímpica no próximo sábado. É que, embora a quase totalidade dos seus 25 participantes tenham produzido relatos sobre árvores das ruas em que moram, os jovens resolveram apresentar uma única história e ainda assim encenada. A história a ser encenada, escrita pelo estudante Diego Marques dos Santos, tem como tema uma misteriosa árvore da Rua José Carlos Brandão Monteiro, a antiga Rua Recife. “A história é sobre uma árvore que fala”, resumiu Diego.

O estudante não identificou o tipo de árvore que comoveu toda a sua vizinhança, em um relato escrito com letras pequenas e quase redondas. Mas seu relato detalha a origem que de uma árvore que, como muitas outras de Nova Iguaçu, tem um significado mágico para a comunidade. Também como em muitos relatos que apareceram ao longo do projeto “Minha rua tem história”, a árvore de Diego mostrou seus poderes sobrenaturais quando ia ser cortada por uma vizinhança que temia a possibilidade de ela cair sobre as casas da rua. “Foi quando a comunidade resolveu contratar um cortador de árvores chamado José Antônio”, explicou ele.
Árvores não falam
Nos primeiros golpes de machado aplicados por José Antônio, a árvore disse: “Não faça isso!” Esse relato, que Diego apurou junto a moradores mais velhos da rua em que nasceu e se criou, revela o improvável diálogo entre o trabalhador contratado pela comunidade da antiga Rua Recife e a árvore. “Árvores não falam”, teria dito o cortador, assustado ao ouvir a voz infantil. “É verdade, mas eu não sou só uma árvore”, teria dito a planta, que adquiriu esses poderes depois que uma mãe desnaturada abandonou um bebê em suas raízes. De acordo com o diálogo que terminou poupando a vida da árvore, o bebê agonizou durante três dias até se misturar à essência da árvore.
A árvore, além de florir magicamente desde esse dia, seria responsável pelo “brilho, alegria e muitas felicidades” da Rua Recife. Em compensação, seus moradores têm que conviver com a ventania que invade a rua no dia das crianças. Nesse mesmo dia, os vizinhos “escutam risos e falatórios de uma criança”, segundo o relato de Diego.
Árvore protetora
A turma D, que é a menor de Cabuçu, escolheu a história de Diego para representá-lo no evento do próximo sábado em um processo de seleção no qual se destacaram pelo menos três relatos. Um desses relatos foi “A árvore protetora”, escrito pela estudante de enfermagem Danielle Penedo Fonseca, ela também moradora da antiga Rua Recife. Essa árvore, sobre a qual essa estudante de 18 anos escreveu com letras caprichadas em um papel de caderno repleto de corações, é uma amendoeira que havia no quintal de sua casa.
Dava muito trabalho manter o quintal limpo no outono, quando as folhas secavam e caíam. Mas a família de Danielle se sentia recompensada pela “maravilhosa e bela sombra” da amendoeira, embaixo da qual “era muito fresquinho”. Havia ainda o encanto das flores que desabrochavam na primavera, da qual a estudante também não esqueceu.
Para surpresa de todos, há cerca de quatro anos a árvore começou a minguar, até ficar completamente seca. A família jamais entendeu o motivo para aquela morte súbita, mas aceitou a explicação dos evangélicos que bateram na porta perguntando se teriam queimado a amendoeira. “Então eles nos disseram que era um feitiço (magia negra) que haviam feito para a minha família e a árvore nos protegeu”, escreveu Danielle.
Paixão pela jabuticabeira
A turma D também se encantou com a mirrada jabuticabeira do quintal da explicadora
Samara Furtado Gomes, uma moradora de 23 anos da Rua da Lua. Samara descobriu a árvore, sobre a qual escreveu com letras redondas em uma página cuja margem pintou com um piloto verde, quando foi morar “naquela rua sem asfalto, cheia de buracos e com um sol escaldante, que aumentava mais a poeira”.
O enorme quintal da casa possuía muitas árvores, mas só a jabuticabeira, “tão pequenina e necessitada de cuidados”, deu sentido à vida da revoltada adolescente que viu seu mundo desmoronar quando foi morar em Cabuçu. “Minha vida social parecia que tinha acabado”, queixou-se Samara em seu relato. A vida da explicadora começou a mudar quando passou a podar e adubar aquela planta que pareceu tão frágil quanto a própria vida da então adolescente Sâmara.
Uma nova decepção em sua vida, dessa vez compensada pela capacidade de adaptação de Samara aos novos tempos. “É que os anos foram se passando (...) e o pé de jabuticaba nunca cresceu nem deu fruto”, lamentou ela no final do texto.
Um comentário:
É muito interessante essa história, eu gostei pelo fato da existência da vida da criança na árvore, porque ela morreu mas em matéria ou seja só seu corpinho se foi mas seu espírito permaneceu ali talvez fazendo companhia e agradecimento a árvore pelo tempo que ela a acolheu aos seus pés e pelo papel de mãe que a árvore fez durante sua efêmera vida aqui na Terra. Acredito realmente que a árvore falou com o cortador pois a
natureza tem vida e sentimentos pois tem sempre um dia que as rosas
estão mas bonitas é sinal que na quele dia a roseira está mas feliz, também por exemplo se colhermos um fruto num dia bem bonito de sol certamente ele estará mas doce é sinal que o pé que o produziu está muito feliz na quele dia, por isso devemos primordialmente respeitar a natureza não devemos maltratá-la como não iriamos querer que nos fizessem nenhum mal.
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