quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Marcha, Cabuçu
Por Juliana Portella

Felipe Canabarro é um rapaz cheio de sonhos – um desses é viver nos palcos do teatro. Por um lado, ainda é um menino, que carrega consigo lembranças de uma infância de fato vivida e nunca esquecida. Mas, quando o assunto é discriminação, as sobrancelhas franzidas fazem dele um homem sério. Felipe, protagonista desse espetáculo chamado vida, está tendo uma atuação brilhante nesse palco chamado Cabuçu. Até então desconhecido do resto do mundo, ele quer aproveitar os embalos do “Minha rua tem história” para deixar ainda mais famoso o bairro no qual nasceu e se criou. Determinação é o que não vai faltar.

Nome Felipe Henrique Canabarro >> Idade 18 anos

Rua Juá >> Estado civil Solteiro


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O que você gosta de fazer?
Teatro. Fiz durante um ano e acho fantástico.

Entrou no Pro Jovem com que objetivo?
Busco melhor capacitação profissional. Mas gostaria muito de fazer algo ligado à arte e de preferência, teatro, a minha paixão.

O que há de bom no bairro?
De uns tempos pra cá o bairro vem melhorando muito. As obras do PAC estão dando uma nova cara a Cabuçu. E essas são o que há de melhor por aqui.

O que há de ruim no bairro?
O pior dos males é a discriminação.

O que gosta de fazer?
Teatro, é claro!

Acha que vai ganhar o prêmio?
Sim, acho que eu ganho sim.

Minha rua tem história por quê...
Quando éramos crianças, eu e minhas irmãs aprontávamos muito. Meu pai, o Sr. Gustavo Raimundo, professor de jiu-jitsu sempre foi muito rígido, não tolerava nenhuma brincadeira. Se não andasse na linha com ele era surra na certa. Pois bem, certo dia minha mãe estava de cama, muito doente. Ela pediu para que meu pai tomasse conta da gente, pois não estava em condição para olhar 3 crianças que tanto aprontavam com toda a vizinhança. Foi então que nós, eu e minhas duas irmãs, decidimos fugir de casa.

Não agüentávamos mais as broncas do papai. Estávamos decididos. O destino? A serra do Vulcão. Moraríamos lá pelo resto de nossas vidas. Juntos com os animais, pescaríamos e plantaríamos tudo para nossa subsistência.
Foi então que caminhamos um pouco até a serra. Chegamos até a subir um pouco, mas ficamos com muito medo. Minha irmã mais velha começou a chorar... Foi então que decidimos voltar para casa. Quando voltamos era bem tarde, já havia escurecido. Eu falei: - Papai vai nos matar!

E eu estava era certo! Lá estava ele, esperando-nos no portão com sua correia! Acreditem se quiser, além da surra fomos obrigados a cantar “ marcha soldado”, em reverência a ele. Foi o maior mico da minha vida, sem dúvidas.

Hoje os vizinhos mais antigos da rua ainda lembram desse episódio engraçado ( só para eles), pois para mim e minhas irmãs foi muito vergonhoso.

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